Nina, quando você fez 11 meses, a mamãe te escreveu uma carta.
Agora, um ano depois, resolvi te escrever de novo que é prá te contar da nossa vida desde lá.
Filha, nesse último ano você descobriu o mundo e, por tabela, deu outros olhos e outro jeito de enxergar a vida para mim e para seu pai.
Você aprendeu a falar, assim, direitinho, com todos os "esses". Eu deixei de ser a "mãmã" e passei a ser a "mamãezinha linda". Já o "papá" virou o "papaizão Macão". Hoje em dia você fala frases complexas, como aquela que saiu outro dia na casa da vovó, quando estava dentro do cercado de seus primos: "Socolo, me tila daqui que eu to pesa!".
Você continua dando trabalho para comer. Seu paladar é apurado, quando o assunto é comida salgada. Gosta de batata frita, pipoca, arroz, picanha, ovo de codorna e, acreditem, de quiabo frito. Mas doce, você não recusa não. Vai do brigadeiro à bala de coco, passando pelo doce de leite e pelo danoninho.
Você é super simpática. Conversa com quase todo mundo. Só não consegue encarar pessoas vestidas de branco ou de jaleco, porque, né, seria demais ter simpatia com a trupe dos médicos. E por falar nisso, você odeia ir ao médico, ao hospital, tomar vacina e remédio. Quando chegamos perto da rua onde fica o hospital daqui, você já começa a falar "não, não, não".
E com razão, né! Nesse último ano você pegou virose de tudo quanto é jeito: com febre, vômito e diarréia. Teve dor de garganta e dor de ouvido. Teve assadura. Ontem pegou estomatite. E, outro dia, quebrou a clavícula...
Você entrou prá escola. Descobriu o que é ter amigos e como é gostoso abraça-los quando os encontra sem querer em alguma festinha. Também descobriu que a "Tia Cau" e a "Tia Naná" tem colinhos prá lá de bons e que elas são divertidas demais, porque te ensinaram a sujar as mãos com tinta e cola com gliter, que não sai da roupa nunca mais.
Ah...e você andou de avião e conheceu o mar.
E aprendeu a fazer birra e mostrar a lingua.
Você não tem medo do escuro.
Você é são paulina, daquelas que dá beijo no escudo do time da camiseta do papai.
Você acorda e dá bom dia para Mel, que te dá uma lambida, todos os dias.
Você pula, corre, pula, dá risada alta, pula de novo e assusta a gente dizendo que a "buxa" vem pegar. E pula de novo!
Se paixonou pelo Rato do Palavra Cantada, pelos Backyardigans e pela Minnie. Mas não pode nem ver a capa do DVD do Cocoricó, sei lá porque.
Você demora a dormir. Só se cansa lá pelas 11 da noite.
Mas quando dorme, ainda fica com aquela cara de anjinho...(suspiros...).
Você está vivendo sua primeira Copa. Se vestiu de verde e amarelo, fez barulho com a tal da vuvuzela, gritou "gol do Basil!" e anda rezando, como a gente, para que o "Basil" fature mais essa!
Você faz carinho, dá beijo e abraço. Adora ir prá cama da mamãe e do papai lá pelas seis da manhã.
E aperta os olhos quando a gente pede para fazer pose prá foto.
Ah...e você dançou na festa junina da escola, fazendo a gente chorar na platéia.
E, finalmente, você ganhou um enorme presente outro dia atrás: um irmão.
Filha, "o irmão" (é assim que você fala quando olha prá minha barriga) ainda não deu as caras por aqui. Tá aqui dentro da mamãe crescendo, crescendo, prá chegar cheio de vida, nas nossas vidas. E quando isso acontecer, você vai ver, querida, como é incrível ter um irmão.
Viu, filha, como o mundo se abriu prá você nesse último ano?
Estar do seu lado, te acompanhando nessa viagem, é a coisa mais emocionante que já me aconteceu.
E ver o mundo, assim, sob o seu ponto de vista é apaixonante.
Te amo.
Te amamos.
Mamãe, papai e irmão.