A escola da Nina tem um projeto muito bonitinho.
Durante todo o primeiro semestre a professora retratou, num diário, a rotina das crianças. Tem fotos, histórias, mãozinhas pintadas, desenhos.
Esse diário, agora, vai para a casa de cada criança.
É a nossa vez de colaborar. Vale tudo: desenhar, colar, escrever, botar foto, contar histórias.
Fui a primeira a levar o diário pra casa, uma honra.
Ainda tô lá, envolvida com imagens, cola e pincel atômico.
Mas a primeira página já ficou pronta.
Tem um desenho da Nina, retratando a escola dela. A escola colorida, como ela faz questão de dizer.
E tem um texto meu. Esse aqui ó. Espero que gostem!
"Não é preciso muito esforço para lembrar o cheiro da sopa de macarrão que a Tia Dalva servia quando eu estava no “parquinho”.
Também me lembro do gosto do giz de cera, porque, sim, eu comi muito giz de cera e massinha de modelar.
E da areia grossa que caía no meu olho toda vez em que brincávamos com os baldinhos no tanque de areia.
Dos amigos, lembro do choro do meu primo Gustavo toda vez que chovia. Da minha melhor amiga, a Carolina e do dia em que o Alexandre roubou meu sonho de valsa e eu bati nele com minha lancheira vermelha do Snoopy.
Ah, e de quando fui noiva na festa junina.
Gostava de me sentar naquelas mesinhas conjuntas com outros colegas e de desenhar. Lembro direitinho quando consegui fazer minha primeira menina, assim, completinha: com cabeça, cabelo, olhos, nariz, boca, corpo, braços, pernas, vestido e laço de fita no cabelo. Os dedos dela eram tão compridos!
Já nas demais artes, nunca fui muito competente. Meus fantoches sempre tinham que virar monstros ou bruxas. Minhas pinturas com tinta, arte abstrata.
A música que eu mais gostava de cantar era “Fui no Itororó, beber água e não achei...”
Sinto saudade da Tia Kazume. Sua calma, entusiasmo constante e todo aquele carinho com que pegava na minha mão para tentar me ensinar a escrever o “D”.
Mundo mágico esse.
Agora, quem desfruta dessas delícias é a Nina.
Me emocionei ao vê-la pintando o muro, brincando de roda e ouvindo histórias.
Me emociono a cada dia, vendo o carinho com que é tratada na escola.
Fico orgulhosa quando ela pede pra passar em frente de sua escolinha aos finais de semana, só pra mostrar pra vovó onde é que estuda, toda feliz.
Quando a gente brinca de escola, Nina sempre quer ser a Tia Analu. Já eu sou a Alice Costa e o papai, o Augusto.
Ontem, pedi para ela desenhar a escolinha e ela fez esse desenho aí embaixo.
Quando perguntei o que achava da escola dela, de pronto, Nina disse: minha escola é colorida. Bonito, não é...
Pensando bem, também achava minha escola colorida. Acho que é por isso que tento passar, constantemente, à minha Nina, todo este entusiasmo pelo aprender.
Quem sabe um dia, não será ela quem estará escrevendo isso para os seus filhos".
Dani
Mãe da Nina
(27/06/2011)"
Mãe da Nina
(27/06/2011)"