segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A recém parida e o supermercado

Outro dia estava eu toda trabalhada no mal humor peculiar dessas horas, circulando pelas prateleiras do supermercado, lá pelas dez da noite em busca do tomate orgânico, quando vejo, do outro lado do recinto, um conhecida, mãe recém parida, toda saltitante, com o filho mais velho a tiracolo.
Ela veio na minha direção e com uma alegria incomensurável me abraçou, dizendo e aí, tudo bem? Depois abriu um sorriso largo e perguntou pelas meninas.
Quando perguntei sobre sua bebezica, ela respondeu que o pai estava tomando conta, que ela precisava sair um pouco, ver gente, comprar bolacha para o filho mais velho.
Outro abraço, um até mais e ela entrou na seção de iogurtes super animada ao ver que tinha um light novo no mercado.
Não achei o tomate orgânico e fui dormir, naquele dia, pensando em escrever esse post.
Porque eu me encontrei naquela conversa.
Feito a minha conhecida, logo depois do parto das meninas, lá pelo quinto, sexto dia, eu senti uma vontade imensa de sair de casa, de voltar a ver o mundo, sentir que havia muita vida além do quarto da recém nascida.
Resumindo numa só sentença: eu senti vontade de respirar.
A intensidade dos primeiros dias de vida do bebê me levaram a querer passear no supermercado também, logo eu, que detesto isso.
Lembro bem que ainda toda dolorida me aventurei pela cidade, dirigindo meu "póprio carro", para ir comprar laranja.
Como foi bom sentir o vento na cara naquele fevereiro quente. Como foi bom ver o Clodoaldo da banca vendendo jornal como de costume. Como foi bom ver que o mundo não tinha parado porque minha bebê tinha nascido.
Doido né?
A gente fica lá, esperando 40 semanas pra ver a carinha das nossas crias, lambê-las com toda dedicação do mundo, mas não vê a hora de dar um pulinho ali do lado de fora do quarto, pra ver se as acerolas já nasceram, se chegou algum modelo novo na vitrine da loja preferida ou simplesmente caminhar pela rua, de mãos dadas com a filha mais velha, em silêncio, só pra sentir o prazer daquele momento.
Freud explica?
Ah, querem saber, não tô muito ligada na explicação disso tudo não. O fato é que eu senti mesmo isso aê e foi muito produtivo sair de casa naqueles dias.
O ar que respirei do lado de fora só me fez bem.
Aconselho.
Não se martirize.
E vá ao supermercado antes do seu filho completar dez dias.

(bem que esse post poderia ser paitrocinado por alguma rede de market, heim, heim?! Daria uma bela propaganda, né não!!!)

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